quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Querer é poder?


QUERER É PODER?

Clóvis Campêlo

Querer não é poder, querer é saber!
Saber ter sossego, saber olhar,
saber cheirar, atar elos
e desatar nós.
O querer pode ser forte
mas também tem de ter
uma boa dose de sorte.
Sorte de estar no lugar certo,
na hora certa;
sorte de ter o desejo
possível e uma saudade
não patológica.
Enfim, ter um norte.
Querer é saber que o todo,
o tudo, os cabelos, a pele,
o mundo formam um só
corpo e como corpo
sólido que é, não pode
contrariar as leis da física
dos homens e ocupar
de outro corpo sólido
o mesmo lugar no espaço.
Finalmente, querer é saber
que tudo é possível
porque tudo se inventa.
E quando a gente se
contenta com a própria
invenção, independentemente
das convenções sociais ou dos
sentimentos de posse mesquinhos
o querer pode ser tão bom
e tão simples
como simples e bom
é o prazer de
querer e de ter.


Recife, 1994

3 comentários:

Urariano Mota disse...

O poeta Clóvis Campelo, tricolor, fala para os rubro-negros.
Aliás, para todas as torcidas do Brasil

Urariano Mota disse...

O seu poema é muito bom.
Estamos todos de parabéns com o seu golaço poético, esta é a verdade.
Poema de placa.

Alberto Oliveira disse...

Publica, Maria...essa beleza de poema do Clovis...Alberto