quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O barquinho


O BARQUINHO
Recife, nov 2016
Fotografia de Clóvis Campêlo



sábado, 26 de novembro de 2016

Lennon e Guevara


LENNON E GUEVARA

Clóvis Campêlo

Amigos, com certeza, gostaria de ter feito essa fotografia, e mais ainda essa montagem. Afinal, o que poderiam cantar em uníssono esses dois ícones simbólicos da minha geração?
Segundo o site The Beatles College, trata-se de uma montagem feita a partir de uma fotografia onde John Lennon toca com Wayne "Texas" Gabriel, guitarrista da banda Elepanty's Memory, que acompanhava Lennon em 1972. Mas, que diferença pode fazer? Fico aqui com meus botões pensando que as revoluções do mundo são feitas muito mais com a imaginação do que com as prováveis realidades.
Na minha opinião, nesse momento imaginário, a seriedade de Lennon nos remete a um momento de profunda reflexão: para onde caminhará o mundo? Haveria, a partir daquele momento, a possibilidade de um mundo mais coeso e justo, onde a fome fosse apenas uma lembrança distante e onde os homens de boa vontade se respeitassem como irmãos e parceiros naturais?
O riso descontraído de Guevara nos sugere que o guerrilheiro aproveitava aquele momento de paz e sossego pessoal pra descontrair e cantar.
Talvez experimentassem Give Peace a Chance, canção composta por Lennon em 1969. A música, gravada originalmente por John e Yoko durante o bed-in realizado no Canadá, acabaria por se transforme em um hino contra a Guerra do Vietnam.
Acho pouco provável, porém, que tocassem La Marseilaise, canção revolucionária composta em 1792, que adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, e que acabaria por se transformar no Hino da França. Afinal, a música já havia sido utilizada como introdução, pelos Beatles, durante a gravação de All You Need Is Love, em 1967, Mesmo atribuída à dupla Lennon-McCartney, a música foi escrita pelo primeiro, como um hino de amor que pudesse ser entendido por todos os povos do planeta.
Naquele mesmo ano, a equipe do canal londrino BBC convidou os Beatles para participar do primeiro evento transmitido mundialmente via-satélite, ao vivo simultaneamente para 26 países: o programa Our World. Esse trabalho envolveu redes de TV das Américas, Europa, Escandinávia, África, Austrália e Japão, e foi visto simultaneamente por 350 milhões de pessoas. Um marco na história do grupo e na história das transmissões via satélite no mundo todo.
Naquele mesmo ano, nos confins da Bolívia, Guevara era executado na cidade de La Higuera. Ironicamente, no dia 9 de outubro. data em que Lennon completava 27 anos de idade. Enquanto o mundo perdia um visionário revolucionário, morto nos mangues da florestas bolivianas, os Beatles lançavam-se mundialmente como símbolo de uma geração que, embora questionando o poder do status quo, dele também se aproveitava para consolidar os seus novos valores.
Portanto, a cena acima, que nunca existiu na vida real, mas que foi criada a partir de um sonho individual (segundo o poeta é dos sonhos dos homens que se inventa a cidade, e consequentemente, o mundo) serve como referência imaginária para um mundo que poderia ter sido diferente e caminhado para um destino mais mais humano e solidário.
Imagine um mundo onde não houvessem guerras, bombas, propriedades e poder. É difícil pensar nisso? Algumas pessoas, ao longo do tempo, chegaram a imaginá-lo. Nós, não seríamos os únicos.

Recife, novembro 2016

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Antes da linha do horizonte











ANTES DA LINHA DO HORIZONTE
Recife, outubro/novembro 2016
Fotografias de Clóvis Campêlo

sábado, 5 de novembro de 2016

Canção do auto-exílio


Fotografia de Clóvis Campêlo / 2016

CANÇÃO DO AUTO-EXÍLIO

Clóvis Campêlo

Nesta terra tem palmeiras
onde canta o sabiá!
Cheguei aqui por querer
e por não querer voltar,
insisto em lhe afirmar:
Nesta terra tem palmeiras
onde canta o sabiá!

O tempo em que me ausentei
prefiro nem lhe contar
de por onde é que eu andei
só pensando em voltar
para as aves que aqui gorjeiam
ao lado do sabiá.

Permita Deus que eu morra
sem daqui mais me ausentar,
olhando o azul dos céus
e o anil intenso do mar,
ao lado do coqueiro verde
onde um dia fui encontrar
a paz que a mim incendeia
e o canto do sabiá.

Neste céu tem mais estrelas,
nesta terra, mais amores,
do mar, eu curto o mistério,
a lua, chego a vê-la,
e todos estes fatores
forjaram o meu batistério.

Nesta terra tem palmeiras
onde canta o sabiá,
guriatã, rouxinol,
a patativa e o canário.
E essa ode faceira
que sempre encontrei por cá
faça chuva ou faça sol,
é todo o meu ideário.

Recife, março 2016