sexta-feira, 9 de junho de 2017

Mandrake e a nave aprisionada


MANDRAKE E A NAVE APRISIONADA

Clóvis Campêlo

Lee Falk nasceu em St. Louis, em 1911. Escritor e quadrinista, ao chegar em Nova York em 1936, aos 25 anos de idade, criou os personagens Fantasma e Mandrake, para apresentar ao King Features Syndicate. Mandrake logo ganhou as páginas coloridas dos suplementos dominicais, conquistando a cidade e o mundo.
Segundo a Wikipédia, Mandrake evocava a essência dos mágicos de vaudeville, que faziam espetáculos itinerantes pelo sul dos Estados Unidos, muito populares entre 1880 e 1920. As apresentações combinavam números de dança e acrobacias, música popular, encenações de operas e peças de teatro, adestramento de animais e todo tipo de “maravilhas exóticas de toda parte do mundo. Estes elementos marcaram a infância de Falk e se tornaram a matéria prima das aventuras do mágico e seu fiel companheiro, o nobre africano Lothar. O rosto do personagem, baseado no do próprio Falk, reunia todos os traços típicos do homem de aventuras exóticas que o cinema da época tinha se encarregado de mistificar: elegante, viril, enigmático, cavalheiresco e pronto para a ação”. Morando em Xanadú, numa propriedade fantástica no alto de uma colina, combatia os criminosos usando a hipnose como arma. Sua noiva, a princesa Narda de Cockaigne, fictício reino na Europa oriental, e seu companheiro inseparável, Lothar, gigante príncipe africano que abandonou sua tribo para acompanhar o mágico e surrar os bandidos com sua força, eram os personagens mais constantes nas histórias. Segundo a mesma fonte acima citada, Lothar, provavelmente, foi o primeiro personagem negro a surgir nas histórias em quadrinhos, mesmo que de uma forma caricata, usando roupas de pele e um chapéu típico turco.
Ainda segundo a Wikipédia, Mandrake era um ilusionista que se valia de uma impossível técnica de hipnose instantânea, aplicada com os olhos e gestos das mãos, e de poderes telepatas. Quando o narrador informava que ele executava seu gesto hipnótico, a arma do vilão se transformava em um buquê de rosas ou numa pomba. Na verdade, o personagem foi baseado em Leon Mandrake, um mágico que fazia performances no teatro pelos anos 20, usando uma cartola, capa de seda escarlate e um fino bigode. Estava criado o heroi que se impõe no mercado até os dias de hoje, sobrevivendo até mesmo a morte do seu criador, ocorrida em Nova York, no dia 13 de março de 1999. Falk faleceu no seu luxuoso apartamento em frente ao Central Park, vítima de um ataque cardíaco fulminante.
As histórias de Mandrake estrearam no Brasil na década de 30 do século passado, na revista Suplemento Juvenil. E assim como aconteceu com a maioria dos jovens americanos daquela década e das décadas seguintes, também marcou a vida dos jovens brasileiros, submetidos à imposição cultural que sempre marcou a nossa relação com Tio Sam.
Entre as muitas histórias por nós lidas, lembro particularmente de uma que narrava a aventura de uma nave alienígena presa em algum lugar gelatinoso do planeta Terra. A nave emite mensagens ameaçadoras de destruição do planeta, caso não seja rapidamente libertada da suposta armadilha. Desesperadas, as autoridades competentes, sempre capitaneados pela inteligência americana, tentam inutilmente localizá-la e provar que não existia da nossa parte nenhuma intenção bélica.
Nesse meio tempo, Mandrake aparece com um incômodo em um dos olhos. Algo muito pequeno lhe caíra em uma das conjuntivas e o incomodava bastante. Depois de algum tempo, resolve ir ao oftalmologista e descobre que o motivo do incômodo sentido era a pequeníssima nave alienígena. Retirada a nave do seu olho e finalmente libertada, chega a história a um final feliz.

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