sexta-feira, 23 de março de 2018

Gabriel e Tatiana


GABRIEL E TATIANA

Clóvis Campêlo
 
TATIANA
 
Conheci Cida em dezembro de 1977, numa cidade chamada Riachão, situada no sul do Maranhão. É interessante frisar que, antes, nenhum de nós dois jamais estivera ali.
Nasci no Recife e fui ao Maranhão acompanhando meu irmão mais novo que ali morara um tempo, trabalhando, e que iria se casar com uma jovem do lugar.
Cida, natural da vizinha cidade de Carolina, também no sul do Maranhão, ali fora acompanhando um irmão mais velho que dirigia um pequeno caminhão, fazendo entrega de café fabricado na torrefação onde trabalhava. Assim, nós nos conhecemos. Nosso primeiro encontro se deu numa festa de 15 anos, acontecida na noite anterior ao casamento do meu irmão. Ali mesmo, começamos a namorar. Terminado o casamento, voltei ao Recife e Cida, a Carolina.
Em fevereiro de 1978, durante o carnaval, fui a Carolina e conhecer os pais de Cida e o restante da sua família.
Ficou decidido que em março eu voltaria à cidade e nos casaríamos, vindo morar no Recife.
E assim foi feito: no dia 11 de março de 1978, nos casamos na Matriz de Carolina e viemos para o Recife. Na época, eu tinha 26 anos e a Cida, 16.
Em 1979, Ano Internacional da Criança, no dia 20 de janeiro, às 7:30 da manhã, dia de São Sebastião, Tatiana nasceu, sendo, portanto, o resultado inicial dessa história especial e inusitada.
Na realidade. deveria ter nascido no dia 1º, Dia da Confraternização Universal. Não sei se erraram na conta, mas se passaram 20 dias do prazo estabelecido para que ela nascesse. Estava atravessada na barriga de Cida e foi retirada a fórceps. Ainda hoje ela tem na testa as marcas do nascimento.
Naquele tempo não havia ainda ultrassonografia para se saber antecipadamente o sexo das crianças. Assim, na porta da sala de parto, haviam dois bonequinhos, um do sexo masculino e outro do sexo feminino. Dependendo do sexo do nasciturno, acendia um ou outro.
Enquanto Cida e Drª Aspásia lutavam na sala de parto para que Tatiana viesse à luz, lá fora, na sala de espera, estávamos eu, meu pai, que assim como também se chamava Clóvis, e minha mãe, dona Tereza, nervosos e ansiosos.
Quando a luzinha acendeu, todos se abraçaram e se confraternizaram, felizes porque tudo correra à contento.


GABRIEL
 

Quatro meses depois do nascimento de Tatiana, Cida engravidou novamente. Quando Gabriel nasceu, no dia 12 de março de 1980, Tatiana tinha um ano e dois meses.
Com nós meninos ainda pequenos, fomos moram em Rio Doce, na cidade de Olinda, numa casa com um pequeno quintal onde haviam árvores e um tonel cheio de água, onde as crianças gostavam de tomar banho.
Em julho de 1986, nos mudamos e fomos morar num apartamento, no bairro do Cordeiro, no Recife. Ali, os meninos passaram a maior parte das suas vidas. Ali cresceram e fizeram amizades que duram até hoje.
Gabriel nasceu às 7:30 da manhã, em um dia de muita chuva.
Nessa época, morávamos na Ilha do Leite e de lá para o Hospital Português, onde ele nasceu, a distância não era muito grande.
Em circunstâncias normais, eu e Cida, teríamos ido até andando.
Mas chovia muito, algumas ruas estavam alagadas e resolvemos pegar um táxi, um alegre fusquinha azul celeste que contrastava com o dia cinzento.
Chegamos no hospital e a Drª Aspásia Pires, que sempre fez os partos de Cida, já nos esperava.
Ela entrou com Cida na sala de exames e logo a vi correndo de volta, desesperada.
Aflito, perguntei o que estava acontecendo e ela me respondeu: "Ele já está nascendo".
Mal deu tempo Cida entrar na sala de partos e Gabriel já veio à luz, apressado, querendo ver o mundo com os próprios olhos.
Foi um parto tranquilo, normal.
Pouco tempo depois, Gabriel já estava no berçário e Cida sentada na cama, serena, tomando uma canja quentinha.
Foi assim que Gabriel nasceu. Foi assim que veio ao mundo, sendo o nosso caçula e completando a nossa família.
Era tão pequeno que nós o apelidamos de Catotinha.


Recife, 1986

2 comentários:

Tatiana Campelo disse...

Uma linda história... 💙💜💜💙

Frederica Cadena disse...

Que história linda... me emocionei muito ❤