Benedito Lacerda e Pixinguinha
Moraes Moreira e os Novos Baianos
MORAES MOREIRA, BENEDITO LACERDA E O POMBO-CORREIO
Clóvis Campêlo
Compositor, flautista e
maestro, Benedito Lacerda nasceu na cidade fluminense de Macaé, em
14 de março de 1903. Compositor, cantor e violonista, Moraes Moreira
nasceu na cidade baiana de Ituaçu, no dia 8 de julho de 1947. Quatro
décadas, portanto, separam os nascimentos do dois compositores
brasileiros.
O primeiro, já no Rio de
Janeiro, iniciou sua trajetória musical tocando bumbo na banda do
Exército. O segundo, começou tocando sanfona de doze baixos nas
festas da sua cidade natal.
Lacerda, que chegando ao
Rio foi morar no morro do Estácio, cresceu cercado de chorões e
sambistas, convivendo com gente de peso na MPB, como Noel Rosa.
Moreira, em Salvador, conheceu Tomzé e Baby Consuelo, ao lado da
qual formou o grupo Novos Baianos, do qual foi integrante de 1969 a
1975.
Benedito Lacerda morreu no
Rio de Janeiro, em 16 de fevereiro de 1958, quando Moraes Moreira
tinha apenas dez anos de idade. Este último continua por aí em
carreira solo. Ao todo, segundo a Wikipédia, tem mais de 40 discos
gravados em carreira solo, ao lado dos Novos Baianos ou com outros
grupo e artistas.
Todo esse preâmbulo
introdutório foi por nós utilizado apenas chegarmos a um ponto em
comum nas suas composições: ambos criaram músicas utilizando o
pombo-correio como tema. As composições, inclusive, são
homônimas.
Na sua música
Pombo-Correio, Benedito Lacerda assim se expressa: “Soltei
meu primeiro pombo-correio / com uma carta para a mulher / que me
abandonou; / Soltei o segundo, o terceiro / o meu pombal terminou /
ela não veio e nem o pombo voltou”.
O compositor, portanto,
chora não apenas a perda da mulher amada, mas também a sua
indiferença, não lhe respondendo as cartas e nem lhe devolvendo os
pombos de estimação. Pura ingratidão.
Moraes Moreira canta assim
o seu Pombo-Correio:
“Pombo correio / Voa depressa / E esta carta
leva / Para o meu amor / Leva no bico / Que eu aqui / Fico esperando
/ Pela resposta / Que é pra saber / Se ela ainda
gosta de mim”. No bico do
pombo de Moreira ainda existe a esperança de uma resposta positiva,
portanto, onde retornem o pombo e a mulher amada. Afinal, a esperança
é a última que morre.
Na segunda parte da sua
canção, Lacerda revela como o fim daquele amor desarrumou a sua
vida: “Depois que aquela mulher me abandonou / não sei porque
minha vida desandou / O canário morreu / a roseira murchou / o
papagaio enlouqueceu / e o cano d'água furou. / E até o sol por
pirraça / invadiu a vidraça e o retrato dela desbotou”. Sem o
comando feminino, o mundo do compositor caiu e não só ele foi
vítima desse desequilíbrio, como também tudo o que o cercava. Nada
de um final feliz.
Moreira, pelo contrário,
deixa o final em aberto: “Pombo-correio se acaso um desencontro /
acontecer não perca nem um só segundo / voar o mundo se preciso for
/ o mundo voa / mas me traga uma notícia boa”. Portanto, seja lá
qual for a situação encontrada pelo pombo na sua missão, fica a
esperança do compositor de que ele retorne e lhe traga boas novas.
Afinal, a vida é bela e deve continuar.
Aliás, nos tempos modernos de hoje, onde predominam a internet, o facebook e o whatsapp, é difícil imaginar um singelo pombo-correio atravessando os céus do Brasil para entregar uma carta de amor.
Aliás, nos tempos modernos de hoje, onde predominam a internet, o facebook e o whatsapp, é difícil imaginar um singelo pombo-correio atravessando os céus do Brasil para entregar uma carta de amor.
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