quarta-feira, 4 de abril de 2018

Tio Amaro


TIO AMARO

Clóvis Campêlo

 

Amaro Regueira era meu tio-avô, irmão do meu avô materno Luís de Albuquerque Regueira. Era um homem simples e pacato, que gostava de criar galinhas, acostumado à vida no interior e no campo.
Lembro dele na nossa casa do Pina, já velho e com problemas circulatórios seríssimos. Fumante inveterado, tinha as pernas escuras por conta da má circulação sanguínea.
Sobre ele, minha mãe contava uma história interessante e engraçada: apesar da mansidão, às vezes ele perdia a paciência com a meninada e dava respostas inesperadas. Curiosa como sempre foi, a minha mãe, ainda menina, pediu-lhe que lhe ensinasse a conhecer quando a galinha estava prestes a por o ovo. Ocupado, tio Amaro não lhe deu atenção. De tanto insistir, recebeu essa resposta: “Minha filha, meta o dedo no rabo da galinha. Se estiver duro, é ovo; se estiver mole, é merda!”. Dona Tereza, minha mãe, contava isso sempre rindo muito.


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