CLUBE BANHISTAS DO PINA
Clóvis Campêlo
Segundo
a Wikipédia, o frevo-de-bloco é um frevo
executado por orquestras de
pau-e-cordas. Estas
orquestras geralmente são
compostas
por violões,
cavaquinhos,
banjos, bandolins,
violinos, além
de instrumentos de sopro (como flauta e clarinete) e de percussão
(como surdo, caixa e pandeiro). É chamado pelos compositores
mais tradicionais de "marcha-de-bloco".
O frevo-de-bloco é a música das agremiações
tradicionalmente denominadas “blocos carnavalescos mistos”, cujo
aparecimento no carnaval de Pernambuco
se relaciona a um dado histórico e sociológico: o início da
efetiva participação da mulher, principalmente da classe média, na
folia de rua do Recife,
nas primeiras décadas do século
XX.
Segundo matéria publicada
no Diario de Pernambuco, em 28/01/2017, “o
pastoril já era tradição natalina quando Julieta Leite decidiu
estender a brincadeira com as amigas para o período carnavalesco.
Era 1932 e elas tinham uma condição: queriam sair às ruas
cantando. Para isso, precisavam criar um agregado parecido com os
tradicionais blocos formados pela classe média e alta. À época,
estava em discussão no Recife a introdução do banho salgado e o
uso social da faixa de areia. Em uma reunião, vários nomes surgiram
para o bloco da comunidade do Bode: veranistas, praieiros,
jangadeiros. Dentre eles, banhistas, uma referência a uma espécie
de vocação do bairro e ao mesmo tempo a ousadia de se introduzir
naquele debate vigente na capital pernambucana. O primeiro desfile
foi com um “flabelo” feito de galhos. A primeira sede, localizada
no mesmo endereço da atual, a Rua São Luiz, era uma casa de taipa
em um aterramento de área de mangue”. A
matéria foi publicada em homenagem às comemorações dos 85 anos do
bloco.
E ainda:
““Não existia coral, quem cantava eram as
pastoras. Quem entrava no bloco era para tocar e cantar. Os homens
eram só para tomar conta das mulheres, que se apresentavam. O bloco
era formado por cerca de 20, 30 mulheres”, contou o filho de dona
Julieta, o atual presidente do Banhistas do Pina, Lindinalvo Leite.
Conhecido na comunidade como Vavá, aos 82 anos ele ainda lembra a
empolgação da mãe com as atividades do bloco. Julieta morreu os 69
anos, deixando como legado a união da família em torno da
atividade. Para ela, desfilar era uma obrigação de todos os
parentes e até hoje a regra é cumprida.
Este ano, em comemoração
aos 86 anos de fundação da entidade carnavalesca, em 16 de janeiro,
o site G1 da Globo, mostrou a seguinte matéria: “Em
comemoração aos 86 anos de fundação, o Bloco Carnavalesco Misto
Banhistas do Pina vai realizar uma programação especial, que
culmina com o tradicional Baile Azul e Branco, no dia 3 de fevereiro,
na sede da agremiação, no bairro do Pina, em Boa Viagem, Zona Sul
do Recife. Com o tema “Salve Nossas Cores”, a agremiação
resgata acervo historiográfico do bloco e realiza exposição no
Museu da Abolição. Bloco de pau e corda tradicional, o desfile da
agremiação vai trazer um misto de elementos que lembram a origem do
bloco, como a relação com a natureza e com a praia, o pertencimento
comunitário, o cordão azul do pastoril, a pesca, a espiritualidade
e o misticismo do mar do Pina. A programação tem início no dia 27
de janeiro, com o lançamento do "Caderno de Canções Somos
Banhistas do Pina", que acontece no Paço do Frevo, no Bairro do
Recife, às 17h. No dia 1º de fevereiro, começa a exposição
“Banhistas do Pina – 86 anos de Frevo”, no Museu da Abolição,
a partir das 17h. Já no dia 2 de fevereiro, será realizada uma
oficina de artes plásticas com as crianças da agremiação. O ponto
alto dos festejos será no dia 3 de fevereiro. A partir das 19h,
ocorrerá uma missa em ação de graças ao Bloco, na Matriz de Nossa
Senhora do Rosário, na Avenida Herculano Bandeira, no Pina. Em
seguida, um cortejo formado por moradores, foliões, orquestra e
corais, segue até a sede do bloco, localizada na Rua São Luiz,
nº 316, no bairro do Pina. No local, haverá um grande bolo e será
cantado parabéns ao bloco. Por fim, acontece o tradicional Baile
Branco e Azul. O evento tem entrada gratuita e para participar é
preciso vestir roupas unicamente azul e/ou branco. O bloco
participará, ainda, do Desfile de Agremiações do estado, no dia 11
de fevereiro, na Avenida Dantas Barreto. O desfile ainda não tem
horário definido”.
Do passado ao presente,
essa é a singela história do Bloco Banhistas do Pina, uma tradição
da cultura carnavalesca recifense e um dos pontos de resistência
cultural do bairro, que hoje passa por profundas e definitivas
transformações.
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